quinta-feira, 7 de julho de 2011

POESIA NA BOCA DA NOITE

Toda sexta-feira poetas e amantes da poesia reúnem-se para dizer/declamar/ouvir/fazer poesia.
São momentos transcendentais. E em cada sexta-feira o evento acontece em um lugar diferente, espalhando poesia por aí.
Nesta sexta, 8, o encontro será na Praça Barão do Rio Branco, a partir das 17h.
E, para dar um gostinho, aí vai...


O bom pastor
Vinicius de Moraes
Amo andar pelas tardes sem som, brandas, maravilhosas
Com riscos de andorinhas pelo céu.
Amo ir solitário pelos caminhos
Olhando a tarde parada no tempo
Parada no céu como um pássaro em vôo
E que vem de asas largas se abatendo.
Amo desvendar a vaga penumbra que desce
Amo sentir o ar sem movimento, a luz sem vida
Tudo interiorizado, tudo paralisado na oração calma...

Amo andar nessas tardes...
Sinto-me penetrando o sereno vazio de tudo
Como um raio de luz.
Cresço, projeto-me ao infinito, agitando
Para consolar as árvores angustiadas
E acalmar os pinheiros moribundos.
Desço aos vales como uma sombra de montanha
Buscando poesia nos rios parados.
Sou como o bom-pastor da natureza
Que recolhe a alma do seu rebanho
No agasalho da sua alma...

E amo voltar
Quando tudo não é mais que uma saudade
Do momento suspenso que foi...
Amo voltar quando a noite palpita
Nas primeiras estrelas claras...
Amo vir com a aragem que começa a descer das montanhas
Trazendo cheiros agrestes de selva...
E pelos caminhos já percorridos, voltando com a noite
Amo sonhar...


Nenhum comentário:

Postar um comentário